sexta-feira, 21 de junho de 2013

Capítulo 16

Acordei assustada, sem saber ao certo o por que! Levantei e vi que já passava da hora de ir trabalhar. Arrumei-me rapidamente, apesar de toda a chatiação do fim de semana, eu precisava trabalhar. Nem sinal de Inara pela casa, deve ter dormido em companhia do Cézar, certamente na casa dele. Quem liga? (Eu) !Dessa vez o elevador não me parecia atraente, desci as escadas quase correndo, na verdade fiz o caminho todo até a lanchonete quase correndo, ainda sim cheguei super atrasada. Messias estava atrás do balcão, quando passei por ele, fez uma cara amarrada para que eu pudesse perceber o quanto estava irritado pelo meu atraso. E não era só isso! Ele me seguiu até o vestiário, bateu a porta do meu armário com força e disse:

 - Quem você pensa que é ?

Fiquei sem reação, não tinha entendido qual era o propósito dele com aquela pergunta. E ele continuou falando.

- Você não me responde por que nem mesmo sabe a resposta. Você não pensa que é alguém, por que sabe que não é ninguém! E aqui dentro não é diferente, vive chegando atrasada como se fosse alguém importante, pensa que pode fazer o que quer, mas não pode! Aqui você não é ninguém!
- Vem cá, por que todo esse xilique ?- Perguntei -  Papai não deu a mesada foi ?
- Olga, essa foi a última vez que você me desrespeitou! Isso acaba hoje! Você está demitida!
- E você pensa que é quem para me demitir? Você não é dono deste lugar!
- Meu pai concorda com isso! Ele me deu carta branca para demitir você! Até mesmo um cara bacana como o meu pai se cansa de deslizes feito os seus!
- Você mente!
- Se não acredita, vá até o escritório dele e tire a prova! Estarei aqui mesmo, com seu pagamento da semana nas mãos.

Então era isso, eu estava sendo demitida! Mas sinceramente? Eu não me espantei muito! Afinal de contas, essa era a semana da merda, tudo de ruim ia me acontecer mesmo! Novamente peguei minha bolsa e fui até o escritório do Senhor Alberto, dei três batidas na porta, e entrei. O Senhor alberto falava ao telefone, fez sinal com uma das mãos para que eu me sentasse na cadeira a sua frente, quando terminou a ligação me olhou com um ar de chatiação, daí logo percebi que realmente estava sendo demitida. Tivemos nossa conversa de consolo.

- Olga, você me deixou sem ter o que fazer.
- Eu?
- Sim! Que exemplo eu posso dar aos funcionários se deixo você decidir seus horários aqui dentro?
- Não pense que não entendo o seu lado Senhor, talvez se eu estivesse em seu lugar teria feito o mesmo.
- Não gosto de demitir meus funcionários, prefiro ir me adaptando aos defeitos deles, e ir aproveitando suas qualidades, é muito melhor, menos constrangedor.
 - Não me sinto constrangida, sei que mereci isso.
- Não precisa ser tão dura consigo mesma. Esse tipo de coisa acontece.
- É, acontece.
- Sinto muito Olga.
- Eu também Senhor Alberto.

Dito isso, saí do escritório, só conseguia pensar no que ia fazer pra conseguir me sustentar. Fui até o vestiário, pegar minhas coisas no armário, e lá estava Messias, me esperando com aquele sorriso de satisfação. Me entregou o envelope com o dinheiro e disse que ia me acompanhar até a porta. Assim que cruzamos a porta de vidro da lanchonete Messias passou a mão no meu traseiro dizendo:

- Pena que não vou mais ver essa bundinha deliciosa desfilando pelo salão.

 Virei-me com fúria, dando uma bolsada bem na nuca daquele verme. Ele cambaleou e eu o empurrei, assim que caiu no chão eu o chutei e depois sentei em cima dele, batendo primeiro com as mãos abertas, depois fechei os punhos e dei socos por toda a cara daquele nojento. Os funcionários da lanchonete enlouqueceram de felicidade, eu estava lavando a alma de todo mundo que trabalhava alí. Senhor Alberto veio correndo me tirar de cima do filho dele, que a essa altura já estava com a cara toda ensanguentada.

 - O que há Olga ? Você enlouqueceu ? - Perguntou o Senhor Alberto, enquanto me segurava pelos braços.
- Ele passou a mão em mim! Seu filho é um porco maldito que assedia a todas as suas funcionárias! O que fiz foi pouco, diante do que ele realmente merece!

 Messias sentou no chão, limpando o rosto com a camisa, cuspia sangue. Eu me debatia nas mãos do Senhor Alberto, para que ele me soltasse.

- Me solta, eu quero ir embora, se ficar aqui olhando pra cara desse filho da puta vou partir pra cima dele de novo!

 Senhor Alberto me soltou, peguei minha bolsa e segui andando enquanto Messias gritava:

- Você vai pagar por isso sua vadiazinha! Isso não vai ficar assim, mulher nem uma me humilha dessa maneira, você ouviu? Você vai se arrepender por isso, sua putinha barata!

Pareceu até engraçado pra mim, mesmo ele me fazendo tantos xingamentos era engraçado! Nada ia me abalar, eu tinha quebrado a cara daquele maldito, mesmo sendo demitida, tinha ganhado o meu dia apenas com aquilo. Comecei a ter pensamentos positivos, eu podia sair daquela situação vendo as coisas de outra forma, eu poderia encontrar outro lugar pra trabalhar, poderia trabalhar num ambiente mais descente que aquele, onde não precisasse conviver com gente como Messias, poderia até ganhar mais grana do que ganhava na lanchonete, era só uma questão de esforço. Até lá, teria que economizar, mas daria certo! Eu sempre me virei sozinha, nunca tive medo, eu não ia me abalar depois de tanta coisa que já passei. Eu só queria ir pra casa. Inara estava sentada no sofá da sala, lendo um jornal, entrei e fui logo contando as novidades. Ela gargalhou, ficava repetindo " não acredito que você fez isso " a todo o instante. E ficamos rindo e conversando sobre o que tinha acontecido por um longo tempo, pela primeira vez em uma semana eu estava de bom humor.