sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Capítulo 6

A secretária do lugar me olhou sorrindo e perguntou o que eu desejava, eu sorri de volta e disse que havia recebido uma carta, e tinha uma entrevista marcada. A secretária, me conduziu até uma outra sala e disse:
- Muito bem , senhora... ?
- Olga,senhorita Olga Ferraz.
- Senhorita Olga,eu me chamo Clara. Aguarde aqui , já já a senhorita será chamada. Se precisar de algo, estarei na sala ao lado. Boa sorte.
Meu coração estava tão acelerado que não tive a reação de agradecer pelo “ boa sorte “ . Clara saiu e eu fiquei alí sentada, aguardando o momento crucial pra mim. Olhei bem para o lugar e vi como era charmoso o ambiente,as poltronas vermelhas e as lâmpadas incandescentes meio amareladas davam um maravilhoso ar de mistério. Talvez fosse o propósito do decorador. Não fiquei alí nem por 20 minutos, Clara abriu a porta pedindo desculpas pela demora, e disse que me aguardavam no andar de cima. Levantei da poltrona meio desconcertada, aquilo tudo não parecia estar acontecendo de verdade. Ao entrar no elevador  pensei em quantas vezes eu havia sonhado com aquilo, em quantas vezes eu quis pensar que tinha alguém me esperando pra falar sobre meus contos. Era bom, era muito bom. Ao sair do elevador pude ver em uma sala de porta entreaberta, um senhor muito calvo, sentado de frente para um aquário muito grande, observando cada movimento dos peixes que alí estavam. Assim que me viu em pé, atrás da porta, o homem fez sinal com uma das mãos para que eu entrasse, e assim o fiz. Demos um aperto de mãos rápido, o homem mal me olho na cara, sentou e começou com seu interrogatório:
- Com que frequência você escreve seus livros ?
- Não escrevo muito ... Não sei ao certo!
- Como não sabe ?
- Não sabendo ué ...

Um breve momento de silêncio.

- Senhorita Olga, seu conto muito me inspira viu?
- Lhe inspira? Mas exatamente a quê?
- Isso é algo muito íntimo, acredito que não tenho por que contar a você. Vamos voltar ao que
nos interessa, você costuma registrar seus contos em cartório?
- Não , eu ...
- Não? Mas senhorita Olga, seu conto é bom, você deveria registrar para que nem um vigarista viesse a roubar suas idéias.
- Estou bem assim senhor ...
- Oh, claro, me chamo Carlos.
- Senhor Carlos! Quando a isso ,acredito que o senhor não deve se preocupar, ninguém se importa muito com meus contos.
- De fato, acredito que seja mesmo um problema seu. Então nós entraremos em contato. Foi bom conhecê-la.
- Só isso?
- Acho que não entendi ...
- Então eu volto pra casa e fico esperando que me liguem ?
- Basicamente é isso.

E assim, o senhor Carlos permaneceu me olhando seriamente, depois de uns 6 segundos me olhando, ergueu as sombra celhas como se dissesse: “ E então? Vai ficar aí parada? “. Percebi que estava fazendo papel de idiota, continuando alí sentada, então levantei e saí da sala. Caminhei meio perplexa por conta da situação, como assim eu tinha que esperar até me ligarem? Por que não poderiam me dar uma resposta? Já não tinham analisado o conto e por isso que me ligaram? Realmente eu não ia mais me preocupar, talvez fosse charminho. Que se dane.